Segue texto de Debora Medeiros, Diretora da Escola de Vela Brasilia (CAer)

Para velejar um Dingue é necessário ter um conhecimento básico sobre vento. A capacidade de sentir e observar os indícios de vento são importantes para garantir uma boa navegação. É necessário compreender e perceber a direção de onde vem o vento, a entrada dele no barco e o percurso que ele segue. Para isso usamos a sensibilidade do corpo e alguns recursos visuais que facilitam a identificação da rajada d vento. A própria superfície da água pode ser usada para identificar a direção da origem do vento e seu percurso. Outro instrumento utilizado é a biruta, um instrumento que mede a direção e a intensidade do vento. Este equipamento rudimentar é essencial para a navegação. Chama-se Contravento o vento que entra pela bochecha da embarcação, ou pela proa. É um vento que exige uma boa atenção à vela, pois leva o barco à orçar e entrar na zona zero de pressão do vento, fazendo o barco desacelerar e até mesmo parar. O velejador deve manter a embarcação a um ângulo de 45°para manter o barco em movimento e com a vela cheia e a retranca próxima ao casco do barco. Já o Través é o vento que entra pelo bordo do barco, formando um ângulo de 90°. É um vento mais estável e favorável à navegação. No Través a retranca se mantém um pouco afastada do casco, permitindo a passagem do vento. No vento de alheta o vento entra pela lateral traseira da embarcação, exigindo uma vela mais aberta e solta a aproximadamente 75°. E finalmente no vento de popa temos a entrada do vento totalmente pela traseira, onde se oferece um ângulo de 90°da vela com o vento, e a embarcação assume a velocidade real do vento. Entendendo esses 4 tipos de ventos em relação a como entram no barco, é possível fazer o correto ajuste da vela e velejar em todas as direções.

Algumas manobras são realizadas para ajustar o rumo da embarcação e mudar o bordo de navegação. Ao cambar o vento passa-se de proa ao vento, estando de Través ou Contravento, mudando o bordo de navegação de um lado para o outro, até o limite de 180°. Ao jaibar o barco, passa-se de popa ao vento, estando em alheta ou popa, guiando a embarcação no rumo da abertura da vela. Com essas manobras é possível mudar o rumo da navegação. É necessário o ajuste da vela e a observação da biruta. 

A navegação do Dingue faz-se completa quando todos esses conhecimentos andam em conjunto e o velejador está apto a manobrar o barco e ajustar a vela de acordo com as condições do vento.